SAL

Indústria do Charque


SAL


Origem e Produção:

• Antes da geladeira ser inventada, a carne apodrecia muito rápido por não existir uma forma eficiente de refrigeração. As charqueadas processavam esse insumo para transformá-lo em charque. Sua produção consistia em abater o gado, salgar a carne e depois estendê-la em grandes varais para secar ao sol. Isso fazia o produto durar bastante tempo para ser armazenado, transportado e consumido semanas depois.

• O charque começou a ser fabricado no Nordeste do Brasil durante o século XVIII. Na região Sul, a primeira charqueada com produção industrial foi instalada nas margens do Arroio Pelotas em 1780, fundada por José Pinto Martins e batizada como Charqueada da Costa. Sua prosperidade estimulou a criação de outras indústrias de charque, desencadeando o crescimento da região e a origem da povoação que posteriormente demarcou o início da cidade de Pelotas.

• O trabalho escravo era mantido nas charqueadas e as condições eram muito penosas. Nos meses de sol intenso, entre novembro e abril, os negros trabalhavam na produção do charque. Durante o restante do ano, trabalhavam nas olarias fabricando telhas e tijolos. Os feitores cuidavam para que o serviço fosse bem feito através de castigos e maus-tratos. A escravidão é um dos episódios mais tristes da história brasileira.



Riqueza e Desenvolvimento:

• Por um século e meio, a indústria saladeiril de Pelotas foi a maior riqueza do Rio Grande do Sul. A cidade chegou a ter mais de 40 charqueadas processando 100 mil cabeças de gado por ano. Muitas famílias enriqueceram e a região acompanhou esse crescimento. Os filhos dos charqueadores eram enviados para estudar na Europa e retornavam com a moda e os costumes de lá, trazendo também os pensamentos políticos e culturais das cidades europeias.

• Muitos investimentos em educação e cultura foram realizados durante o Ciclo do Charque, principalmente através da criação de teatros, bibliotecas e escolas. Os pelotenses mais ricos construíram grandes casarões e sobrados com detalhes arquitetônicos ricamente trabalhados em moldes europeus. Nessa época, o glamour de Pelotas foi tanto que a cidade recebeu o apelido de “Princesa do Sul”.

• Por causa das charqueadas, Pelotas também passou a ter nobres. A Corte Imperial concedia títulos de nobreza para aqueles que tinham posses, poder e prestígio, como uma forma de demonstrar reconhecimento ao valor de quem recebia. Nove barões, dois viscondes e um conde habitaram a cidade, o que rendeu a essa sociedade os títulos de “Aristocracia do Charque” e “Barões da Carne Seca”.



Curiosidade Temperada:

> Você sabe quais foram os motivos que levaram a indústria do charque à falência?

• O fim da escravidão foi um dos fatores que contribuiu para a decadência das charqueadas em Pelotas, assim como a produção de charque em outros municípios do estado. O surgimento dos frigoríficos, que dispensavam o processo de salga da carne, selou o fim do Ciclo do Charque, período de maior abundância econômica da cidade.