AÇÚCAR

Patrimônio Imaterial


Saberes e Fazeres:

• Pelotas se encontra no epicentro de uma região doceira que abarca uma multiplicidade de saberes e identidades na forma de duas tradições: a produção de doces finos e a produção de doces coloniais. Mais do que simples quitutes, eles representam um importante contexto histórico e cultural que elevam seu significado para além da função de alimento. Nos dias atuais, a atividade doceira virou uma das maiores atrações turísticas da cidade.

• O patrimônio imaterial é transmitido de geração em geração, sendo constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história. A sociedade pelotense preservou os conhecimentos e modos de fazer de diversos doces, receitas herdadas de antepassados e que, ainda hoje, fazem parte do dia-a-dia e ajudam na economia local.

• Os doces finos e coloniais resultam de um longo processo de transmissão e criatividade entre gerações e entre etnias. Em outras palavras: as tradições doceiras se formaram pelas mãos dos grupos portugueses, africanos, alemães, pomeranos, franceses, espanhóis e de outras nacionalidades, bem como de seus descendentes, que afirmaram as suas diferenças étnicas e estabeleceram vínculos sociais por meio do doce.



Tradições Doceiras da Região de Pelotas e Antiga Pelotas:

• Os bens de relevância imaterial reconhecidos como Patrimônio Cultural Brasileiro são registrados em livros de proteção específicos, conforme a divisão apresentada a seguir.

ILivro de Registro dos Saberes: inclui os conhecimentos, técnicas, processos e modos de saber e fazer, enraizados no cotidiano das comunidades;

IILivro de Registro das Celebrações: inclui os rituais e festas que marcam a vivência coletiva do trabalho, da religiosidade, do entretenimento e de outras práticas da vida social;

IIILivro de Registro das Formas de Expressão: inclui as manifestações literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas;

IVLivro de Registro dos Lugares: inclui os espaços onde se concentram e se reproduzem práticas culturais coletivas.

• O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) inscreveu as “Tradições Doceiras da Região de Pelotas e Antiga Pelotas” no Livro de Registro dos Saberes, em maio de 2018. A região doceira abrange o atual município de Pelotas – território onde se constituiu o núcleo charqueador – e outros quatro municípios que também formavam a Antiga Pelotas: Arroio do Padre, Capão do Leão, Morro Redondo e Turuçu.



Curiosidade Temperada:

> Você sabe qual é a origem do quindim?

• O quindim foi criado através das mãos habilidosas de escravas que adaptaram a receita do doce lusitano Brisa-de-Lis, feito originalmente de gemas de ovos, açúcar e amêndoas. No Brasil, as mucamas preparavam os doces para seus senhores, mas como a amêndoa era um produto muito caro e raro na época, a criatividade africana reinventou a receita através de outro ingrediente que existia em abundância: o coco.

• Desse modo, nosso quindim tem uma representação muito importante por conta de sua miscigenação: possui raízes portuguesas, mas foi elaborado e batizado por africanas em solo brasileiro. Sua nomenclatura significa encanto ou dengo, sendo uma alusão ao fato do doce ser delicado.