AÇÚCAR

Cultura Doceira


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Doces Finos:

• A tradição de doces finos, também chamados de “doces de bandeja”, começou no interior dos casarões das famílias abastadas durante o Ciclo do Charque. Seguindo tradicionais receitas portuguesas, os quitutes eram preparados com ingredientes caros ou raros para a época – como o açúcar. Servidos somente em festas da alta classe, como saraus, jantares, casamentos e batizados, os doces eram considerados uma especiaria que remetia ao glamour, à riqueza e à prosperidade.

• Uma importante troca de saberes e fazeres ocorreu entre as senhoras da elite pelotense e suas cozinheiras, em maioria africanas escravizadas e suas descendentes. Neste contexto, ingredientes da cultura negra foram adicionados às receitas portuguesas. Com o passar do tempo, os doces finos começaram a ser consumidos cotidianamente, ganhando novos espaços e significados mais amplos, seja como oferendas para orixás nas casas de religiões de matriz africana, seja como atrativo turístico para Pelotas.

• Antigamente, os doces finos eram envoltos em papéis de seda que eram rendados e franjados de maneira artesanal. Algumas dessas folhas se encontram em exposição no acervo do Museu do Doce, localizado na Praça Coronel Pedro Osório (Casa 8). Agora esse detalhe é padronizado e industrializado, correspondendo ao que conhecemos como pelotinas.



Doces Coloniais:

• A tradição de doces coloniais surgiu como empreendimento familiar nas pequenas propriedades dos imigrantes europeus que chegaram na região a partir da segunda metade do século XIX. A zona rural pelotense recebeu alemães, pomeranos, italianos, franceses, espanhóis e outras etnias. Esses colonos se dedicavam à agricultura, à suinocultura e à avicultura para fornecer alimento à população em expansão.

• Servindo inicialmente ao consumo familiar, os doces coloniais eram produzidos na safra das frutas (banana, pêssego, morango, abóbora e mais). Compotas, doces em pasta, passas e cristalizados eram as formas como os imigrantes reproduziam ou recriavam as receitas dos antepassados. Nesse novo cenário, os modos de fazer trazidos da terra natal precisaram ser adaptados às variedades de frutíferas e aos recursos locais.

• Compota é o doce preparado com frutas ou legumes inteiros ou em pedaços, em calda rala. É uma forma de conservar as frutas da estação para consumo durante o ano inteiro. Tradicionalmente, seu processo de cozimento ocorre em um grande tacho com asas ou cabo, feito de cobre ou ferro, remexido com o auxílio de uma colher de pau. As compotas acondicionadas em vidros esterilizados, bem tampados e guardados em geladeiras duram por muitos meses.

• Já o doce cristalizado é a fruta cozida, mergulhada em calda de açúcar e água, polvilhada com açúcar cristal. O doce em pasta é feito com fruta, água e açúcar, fervidos até obter uma consistência que permita o corte em pedaços após esfriar.



Curiosidade Temperada:

> Você sabe o que é chimia?

• A chimia é um doce de fruta preparado para ser utilizado na cobertura de pães, bolachas e tortas. O termo deriva da palavra alemã “schimier”. Só no Rio Grande do Sul existe a diferença entre geleia e “schimier”: a geleia é feita da casca e suco da fruta, a “schimier” é feita com a polpa.