Clubes Sociais:

• Nos tempos das charqueadas, os clubes sociais nasceram da necessidade de reafirmar as condições sociais das pessoas daquela época. Entretanto, eles não representavam somente o poder aquisitivo das pessoas, foram através desses clubes que os diversos grupos multiculturais existentes em Pelotas conseguiram preservar e celebrar seus valores, tradições e práticas culturais. Naquela época não havia somente famílias nobres e ricas que mantinham e destacavam suas "raízes econômicas" através dos clubes, muitos comerciantes e profissionais especializados também haviam posses e mantinham seus clubes, além de que muitos imigrantes de outros países desejavam pela preservação de seus costumes e criavam seus próprios clubes.

• O Clube Caixeiral representa o início da história dos clubes sociais na cidade, sendo o mais antigo de Pelotas. Fundado em 25 de dezembro de 1879 pelo nome de União e Progresso, o clube surgiu através da união dos caixeiros de lojas da cidade pela reivindicação de seus direitos, como o de descanso em domingos e dias santos. Em 25 de dezembro de 1881, após uma de suas reuniões clandestinas, o clube passou a adotar o nome atual, Clube Caixeiral. Os caixeiros contaram com o apoio da maçonaria para comprar o terreno para a sede do clube, as obras duraram seis anos e foram concluídas em 1904. O prédio desenhado pelo arquiteto pelotense Caetano Casaretto, é considerado um marco na arquitetura eclética pelotense e por conta de sua estrutura foi apelidado de "Palácio da Praça". No Clube Caixeiral funcionou a primeira Acadêmica do Comércio, responsável pela formação de bacharéis em Ciências Comerciais. Hoje o prédio faz parte do conjunto arquitetônico do Centro Histórico de Pelotas.

• Fundado em 17 de agosto de 1881, o Clube Comercial foi criado para ser um clube estritamente para o público masculino, mas as esposas e filhas dos associados participavam ativamente de sua rotina. A primeira sede do Clube Comercial se localizava no terreno o qual pertence hoje ao Clube Caixeiral. A transferência da sede do clube foi feita para o Palacete Braga, antiga casa do charqueador Felisberto José Gonçalves Braga, que cedeu sua residência para que o clube tivesse uma sede própria em outubro de 1888. O palacete inaugurado em 1871 foi projetado pelo arquiteto italiano José Izella Merotti e passou por reformas constantes a partir de 1908 quando sofreu um incêndio, tendo sido destruído parcialmente. Atualmente o clube ainda está em funcionamento no mesmo local, possuindo um valioso acervo com telas de Aldo Locatelli, esculturas "petit bronze", estátua "Belle Époque" e seu mobiliário ainda é o original, sendo grande parte importado da França.

• O Clube Diamantinos foi fundado no ano de 1906, tendo como principal objetivo a comemoração do carnaval. No início de 1940, sob gestão de Adolfo Fetter, foi lançada a pedra fundamental para a construção do então denominado na época, Palácio Diamantino. Sua inauguração ocorreu logo um ano após o início das obras, no dia 15 de novembro de 1941. O clube firmava-se voltado totalmente às realizações de salão, com isso em 1955, a gestão de Ary Rodrigues Alcântara iniciou uma grande reforma nos salões do clube, pois a sua estrutura original não comportava mais o grande número de pessoas que frequentavam as imensas e elegantes festas. E na década de 70, o Clube Diamantinos, em uma tentativa de conquistar a população que ainda não fazia parte do quadro associativo, construiu a primeira piscina térmica de Pelotas e do interior do Rio Grande do Sul, demonstrando assim a sua vontade de se preparar para o futuro.

• Fundado em 12 de março de 1911 como entidade carnavalesca, o Clube Brilhante tinha como principal objetivo a promoção de bailes e a apresentação de desfiles de carnaval com carros alegóricos. Em suas primeiras décadas de funcionamento, o clube passou por constantes dificuldades para encontrar uma sede fixa, entretanto a população espalhava-se pelas ruas e teatros, ansiosa por testemunhar uma arte viva e contagiante das festas carnavalescas. Décadas depois, o Brilhante fixa-se como um clube social com finalidade recreativa, cultural e desportiva. Com mais de 100 anos de funcionamento, atualmente o clube é referência na cidade, não só por ser o maior clube em termos de estrutura, mas também pelo reconhecimento acerca do seu crescimento em investimento esportivo.

• No dia 21 de fevereiro de 1921, durante a comemoração do carnaval na Praça da República (atual Praça Coronel Pedro Osório), um grupo de amigos criou o Cordão Carnavalesco Fica Ahí Pra Ir Dizendo. Ao decorrer dos anos, o até então Cordão Carnavalesco possuiu três diferentes sedes, sendo que em 1954 fixou-se na Rua Marechal Deodoro, onde está localizado até hoje. Em 1948 o Cordão se tornou Clube Carnavalesco e no ano seguinte fundou a Academia de Samba Fica Ahí, que posteriormente assumiu uma identidade anônima. Mais tarde, em 1953 o Fica Ahí Pra Ir Dizendo tornou-se Clube Cultural, consolidando a formação de uma sociedade constituída por negros voltada à confraternização através de bailes, festivais e jogos. É importante destacar que, desde o início do século XX existiram diversos blocos negros em Pelotas, os quais buscavam novas formas de inserção em uma sociedade desigual e fortemente discriminatória. O Clube Cultural Fica Ahí Pra Ir Dizendo consolidou-se na cidade, é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (IPHAE/RS) por representar um espaço de memória da cultura afro-brasileira no Rio Grande do Sul; e atualmente, no espaço físico do clube são desenvolvidas atividades culturais relacionadas à temática negra.

• Pelotas ainda possui diversos clubes étnicos que representam as mais variadas culturas que contribuíram na construção e desenvolvimento da cidade. Dentre exemplos de clubes muito famosos pelos cidadãos pelotenses temos: Associação Cultural Italiana Pelotense, fundada por italianos em 1873 e reativada em 1992; Centro Português 1º de Dezembro, fundado por portugueses em 1926; Sociedade Recreativa 15 de Julho, fundada por alemães em 1951; e Sociedade Libanesa, fundada por libaneses em 1957.

Clubes Esportivos:

• A tradição esportiva do futebol no Rio Grande do Sul é extremamente reconhecida pelo país inteiro e os Clubes de Futebol de Pelotas honram essa tradição a mais de cem anos. Na cidade existem três importantes times do futebol gaúcho e brasileiro com histórias repletas de glórias esportivas, além da consagrada paixão de seus torcedores que é reconhecida, através da expressão da torcida em todos os jogos, e admirada em todo o estado.

• O Esporte Clube Pelotas foi fundado no dia 11 de outubro de 1908 através da fusão de dois clubes: Club Sportivo Internacional e Foot-ball Club. O E.C. Pelotas é conhecido como Áureo-cerúleo, por conta das cores oficiais do time, azul e amarelo. O estádio do clube é o famoso “Boca do Lobo”, sendo nominado assim por conta do cruzamento de duas vias de acesso ao clube lembrarem a forma da boca de um lobo e o mascote do time é um lobo. O E.C. Pelotas possui 16 títulos estaduais pelo futebol, mas também coleciona inúmeros títulos pelo futsal, tênis, basquete, hóquei, remo, natação e atletismo.

• O Grêmio Esportivo Brasil foi fundado no dia 7 de setembro de 1911. O time é conhecido como rubro-negro por conta de suas cores oficiais (vermelho e preto) e Xavante em referência à tribo indígena dos Xavantes, tendo como seu mascote um Índio Xavante. O estádio pertencente ao GEB é o Bento Freitas, carinhosamente apelidado de Baixada por se localizar na várzea (terreno bastante baixo). O clube possui 26 títulos estaduais e um título de terceiro colocado no Campeonato Brasileiro de 1985.

• O Grêmio Atlético Farroupilha foi fundado por militares no dia 26 de abril de 1926. O time é conhecido como Farrapo e Tricolor do Fragata, o time veste as cores verde, amarela e vermelha. O Estádio do clube é o General Nicolau Fico, também conhecido como Estádio da Fragata e tem como seu mascote um fantasma. O time foi campeão do Campeonato Gaúcho em 1935 e possui atualmente 10 títulos estaduais.

Curiosidade Temperada:

>> Você sabe o que é uma Charanga?

• Charanga é uma banda de música composta, geralmente, apenas por instrumentos de sopro, nome também utilizado para designar alguma música desafinada tocada por esses instrumentos. No Brasil, as charangas se popularizaram nos estádios de futebol, os grupos de torcedores levavam instrumentos de sopro e percussão para os jogos fazendo a animação das partidas tocando os hinos dos clubes, sambas e marchinhas de carnaval.

• Em Pelotas, a charanga mais popular e tradicional - não só da cidade, como também do estado - é a Garra Xavante do Grêmio Esportivo Brasil. A Charanga Garra Xavante é formada por músicos profissionais que se apresentam fielmente em todas as partidas do time no Estádio Bento Freitas.