MEMÓRIA

Instituições Culturais


Introdução:

• Existem espaços que são considerados como lugares de suporte das memórias, por meio deles é possível desenvolver a sensibilidade e a consciência de todos os cidadãos para a preservação dos bens culturais que refletem sua herança histórica. São exemplos desses espaços: arquivos, bibliotecas, casas de cultura, centros de documentação, cinematecas, jardins botânicos, museus, monumentos históricos, sítios arqueológicos e muitos outros locais que se propõem a estudar e/ou expor a trajetória de desenvolvimento de um povo ou de uma cultura.

• As bibliotecas guardam registros escritos que permitem aos leitores conhecer o seu passado, para construir e reconstruir suas memórias individuais e coletivas. Desse modo, os livros e documentos possibilitam que a comunidade conheça e reconheça seu patrimônio histórico e cultural.

• Os museus podem ser definidos como instituições sem fins lucrativos que conservam, investigam, comunicam, interpretam e expõem conjuntos e coleções de valor histórico, artístico, científico, técnico ou de qualquer outra natureza cultural, para fins de preservação, estudo, pesquisa, educação, contemplação e turismo.



Bibliotheca Pública Pelotense:

• Idealizada por Fernando Luís Osório em princípios de 1871, a ideia foi patrocinada pelo português Antônio Joaquim Dias, diretor do antigo jornal Correio Mercantil. Em 14 de novembro de 1875, uma reunião com 45 pessoas criou formalmente a Bibliotheca Pública Pelotense, sociedade civil sem fins lucrativos. A instalação efetiva ocorreu em março de 1876 na parte térrea de um sobrado cedido por João Simões Lopes, o Visconde da Graça, contando com 960 volumes doados pela comunidade.

• O edifício próprio também foi erguido graças a doações: a classe social mais elevada importou da Europa vários materiais de construção, como os marcos de pedra e o arco de granito da entrada principal, originários de Portugal; a população pelotense contribuiu doando madeiras, tijolos e pregos, além de dinheiro arrecadado em bazares e quermesses. A pedra fundamental foi lançada em 1878, a edificação do primeiro piso foi concluída em agosto de 1888 e a ampliação do prédio mediante a construção do andar superior foi finalizada em junho de 1915.

• Em um tempo de expressiva exclusão social, quando praticamente inexistia no território nacional um sistema de ensino, a Bibliotheca Pública Pelotense criou cursos noturnos para as classes menos favorecidas, oferecendo aulas gratuitas de alfabetização voltadas especialmente para adultos. Muitos descendentes de escravos e operários pelotenses encontraram sua melhoria de vida nesses cursos, onde se prepararam para exercer uma atividade profissional.

• Ao longo dos anos, a Bibliotheca Pública Pelotense exerceu um importante papel social em nível cultural para diversos grupos de pessoas. Suas instalações já acolheram o Clube Abolicionista, a Sociedade Beethoven, a Banda União Democrata, a Sociedade Terpsychore, a Associação Comercial, a Faculdade de Direito, o Conservatório de Música, a Escola de Belas Artes, a Sociedade de Cultura Artística, a Orquestra Sinfônica, o Clube de Cinema, o Instituto Histórico e Geográfico, a Academia Sul-Riograndense de Letras, a Escola Louis Braille e a Câmara de Vereadores. Esse mesmo local também proporcionou encontros importantes que deram origem ao Centro Médico de Pelotas, a Escola Prática de Comércio e a Escola de Artes e Ofícios – essa última foi antecessora do atual Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul Rio-grandense.



Museus Pelotenses:

Museu Histórico da Bibliotheca Pública Pelotense: Criado em janeiro de 1904 para dar organização e abrigo institucional ao acervo composto por um grande número de doações de peças e documentos relacionados à memória histórica do extremo Sul do Brasil. Aberto para visitação, abriga itens arqueológicos, etnográficos e artísticos no antigo porão da Bibliotheca Pública. No corredor de entrada, à esquerda, estão vestígios arqueológicos das comunidades indígenas originárias que povoaram a região de Pelotas; à direita, está o Espaço de Arte Mello da Costa, local que recebe mensalmente exposições e mostras de artistas pelotenses e regionais. A sala ao fundo apresenta registros da história da escravidão, da imprensa, da Revolução Farroupilha e da história local pelotense.

Museu de Ciências Naturais Carlos Ritter: Pertence ao Instituto de Biologia da Universidade Federal de Pelotas e mantém uma exposição permanente de aves, mamíferos, répteis e insetos. Esse conjunto de obras, que inclui mais de mil exemplares de 50 espécies diferentes, começou a ser montado com o acervo de animais taxidermizados artisticamente e mosaicos entomológicos feitos por Carlos Ritter; após sua morte, a esposa doou a coleção para a Escola de Agronomia Eliseu Maciel em 1926. Hoje está situado na Praça Coronel Pedro Osório, em um prédio histórico tombado conhecido como Residências Geminadas.

Museu Municipal Parque da Baronesa: Inaugurado em 1982, contém mais de mil peças que contam a história da alta sociedade pelotense do século XIX. Localizado dentro do Parque da Baronesa, o museu se formou com doações da família Antunes Maciel, antiga proprietária do prédio e chácara do entorno, e doações de outras famílias tradicionais de Pelotas. Seu acervo constitui-se de peças como mobília, pratarias, vestuário, esculturas e quadros. Atualmente, é gerido pela Secretaria Municipal de Cultura (SECULT).

Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo (MALG): Fundado em 1986 como parte integrante do Centro de Artes da Universidade Federal de Pelotas, objetiva preservar a obra do pintor pelotense Leopoldo Gotuzzo, além de servir como local de exposições e propagação de conhecimento sobre as artes visuais. Seu acervo, constituído por mais de 3 mil peças, possui obras datadas desde o século XVI até a contemporaneidade. Localizado na Praça Sete de Julho, em frente ao Mercado Central. Apresenta três galerias: a Sala Leopoldo Gotuzzo que abriga exposições relativas à obra e/ou vida do artista, a Sala Marina de Moraes Pires e a Sala Luciana Reis recebem exposições temporárias de diferentes artistas.

Museu da Charqueada São João: Antiga residência do charqueador Antônio José Gonçalves Chaves, a casa foi construída no início do século XIX às margens do Arroio Pelotas, ponto estratégico para escoar a produção de charque até o Porto de Rio Grande. A São João foi uma das charqueadas mais bem sucedidas economicamente e encerrou suas atividades como indústria em 1937. Os donos atuais mantiveram as características da construção original e abriram a propriedade para visitação em 2000. O acervo preservado durante mais de 200 anos de história pode ser conferido durante um passeio guiado pelos cômodos do casarão principal, que mantém o mobiliário e muitos objetos originais.

Museu do Doce: Vinculado ao Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Pelotas, foi criado em 2013 para retratar o saber fazer doceiro de Pelotas, uma das principais marcas da cidade. O museu está localizado na Praça Coronel Pedro Osório, esquina com a Rua Barão de Butuí, no Casarão 8. A exposição principal apresenta utensílios usados na fabricação de doces, a história das lojas pioneiras no segmento e a história da arquitetura pelotense. O museu também recebe mostras temporárias e eventos, além de visitas frequentes de escolas.

Museu Gruppelli: Localizado na zona rural de Pelotas, no distrito de Quilombo, seu objetivo é a preservação da memória dos moradores da região através de seus objetos e do registro de suas lembranças. O acervo é formado por artefatos agrícolas, utensílios domésticos, peças de decoração, fotografias e documentos de descendentes de imigrantes alemães e italianos.



Curiosidade Temperada:

>> Você sabia que Pelotas possui cidades-irmãs?
• A ligação entre duas cidades é uma relação que independe dos governos federais, ou seja, é uma paradiplomacia. Quando se tornam irmãs, as cidades estabelecem um laço de cooperação que possibilita a promoção de ações e projetos nas áreas de cultura, esporte, educação, saúde, meio ambiente, transporte, desenvolvimento econômico e social. Para que a irmandade ocorra, os dois municípios precisam necessariamente ter características semelhantes ou pontos e referências históricas em comum.

• Pelotas possui quatro cidades-irmãs em quatro países diferentes: a primeira conexão estabelecida foi entre Brasil e Japão com Suzu, em 1963; a cidade portuguesa Aveiro foi a seguinte, em 1996; a Colônia do Sacramento no Uruguai e o município cearense Aracati foram incluídos nessa lista em 2005.